Por FEDACSE-BA
No dia 8 de abril de 2025, a comunidade quilombola de Helvécia, em Nova Viçosa (BA), foi cenário de um encontro marcante entre lideranças femininas locais e representantes da Federação Baiana dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias (FEDACSE/BA).
Essa iniciativa representou um passo decisivo no fortalecimento das lutas das mulheres de comunidades tradicionais, tanto na região quanto em todo o estado.
Realizado no salão da Associação de Capoeira da comunidade, o evento promoveu uma roda de conversa significativa, pautada na escuta ativa, troca de experiências e demonstrações de solidariedade às operárias da Tecoplanta, terceirizada da multinacional Suzano Papel e Celulose.
As trabalhadoras, em janeiro, protagonizaram uma greve histórica por melhores condições de trabalho e, em março, conquistaram importantes vitórias, que continuam a inspirar mobilizações em outros setores.
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Momentos |
A comitiva da FEDACSE/BA, liderada pela presidenta Zilar Portela, também contou com a participação de diretoras, diretores e do assessor jurídico da entidade.
Ao lado deles, agentes comunitários de saúde da região marcaram presença, trazendo à roda de conversa os desafios enfrentados diariamente em um território impactado por problemas estruturais, como o alcoolismo e o desemprego.
Durante o encontro, Zilar destacou a importância de estar diretamente nos territórios:
“Estar nos territórios é fundamental para enxergar de perto os desafios das nossas mulheres, especialmente das agentes de saúde que lidam com as dores sociais e estruturais todos os dias.”
Dentre os temas discutidos, as moradoras destacaram a necessidade urgente de ações e cursos voltados para o empreendedorismo e o trabalho autônomo, como forma de combater a exclusão estrutural.
Elas também denunciaram que empresas terceirizadas da Suzano têm, repetidamente, ignorado a mão de obra local, recusando-se a contratar trabalhadores do distrito e perpetuando as desigualdades históricas da região.
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Abraço coletivo |
Os relatos das agentes de saúde presentes reforçaram essas denúncias, trazendo à tona situações que evidenciam ainda mais as dificuldades enfrentadas pela comunidade.
As mulheres quilombolas solicitaram o apoio da Federação em seus projetos educacionais e pediram que a entidade intermediasse uma reunião com representantes da Suzano, para que pudessem questionar diretamente as exclusões vivenciadas.
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Zilar Portela e Agentes Comunitárias |
A presidenta Zilar se comprometeu com o pedido e garantiu o suporte institucional da FEDACSE/BA à recém-criada Associação das Mulheres Quilombolas de Helvécia, uma iniciativa que surge do protagonismo feminino e da força da organização coletiva.
Ao final do evento, ficou definida a realização de um novo encontro, com o objetivo de aprofundar o debate sobre justiça social e fortalecer as estratégias de enfrentamento às desigualdades que afetam tanto a comunidade quanto os agentes de saúde.